
No entanto, o hábito de mastigar e comer rápido é muito prejudicial para a saúde. A correria do quotidiano obriga, muitas vezes, a refeições solitárias e rápidas, pressionadas pelo tempo, «metidas» no intervalo entre a ida ao banco e o stress de chegar a horas ao trabalho.
Mas este hábito tem consequências nefastas para o organismo. O vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia, Dr. Leopoldo Matos, afirma que o acto de mastigar rápido tem duas consequências imediatas.
Ao nível químico, «o indivíduo não completa a mastigação e dá-se uma deglutição precoce, não permitindo o tempo de permanência suficiente dos alimentos na boca para que a saliva actue como deve nos primeiros fenómenos químicos para que se processe uma boa digestão».
Ao nível mecânico, a mastigação não se completa «e a fragmentação necessária a uma boa digestão não se faz, pelo que podem daí surgir problemas digestivos».
O não interromper a refeição para conversar ou para saborear a comida, o não fazer um intervalo descansado, com algum tempo corresponde a uma perda importante de qualidade de vida, considera Leopoldo Matos.
O especialista alerta também para o facto de uma refeição rápida levar, muitas vezes, à prática de uma alimentação incorrecta:
As pessoas procuram comida de fácil apreensão, que não demore muito tempo a mastigar nem leve muito tempo a preparar.
Nota-se, então, a adopção de uma alimentação rica em hidratos de carbono e pobre em legumes e a procura pelos fritos em detrimento dos grelhados ou cozidos.
Dificilmente a refeição é mais completa, o que acaba por dificultar a digestão. Preferem-se os salgados em lugar da sopa, por exemplo, refere o especialista, frisando que este comportamento pode ter repercussão na obesidade e dislipidemia.
No entanto, o vice-presidente da sociedade afirma que a maioria dos portugueses, por regra, come bem, já que a dieta praticada é ainda muito próxima da mediterrânica. A excepção são mesmo os habitantes urbanos, que se converteram e adoptam cada vez mais o fast food.