No País come-se cada vez pior: fruta e legumes deviam crescer cinco vezes
Um prato de bacalhau já não é a imagem de marca dos portugueses. Enquanto no período de 1990 a 2003, cada português consumia em média 5,6 kg deste peixe por ano, de 2003 a 2008 a quantidade caiu para de 3,6 kg. Ou seja, cada português come menos 1,7 kg por ano, em parte devido ao aumento dos preços. Os números da Balança Alimentar Portuguesa (BAP) divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram não só uma quebra de 20% no consumo de bacalhau como revelam que a "dieta alimentar portuguesa tem vindo a afastar-se progressivamente dos princípios básicos de uma dieta saudável".
Uma realidade que impõe a aplicação de medidas de educação alimentar, recomendam os técnicos do INE no documento que mostra a situação alimentar e nutricional do País. Medidas também defendidas pela presidente da Associação Nacional de Nutricionistas (ver entrevista). Para ter uma alimentação equilibrada, os portugueses devem "aumentar em cerca de cinco vezes as quantidades consumidas de leguminosas secas" e em cerca de 50% o consumo de frutas e legumes.
A maçã é o fruto preferido, seguida da pêra. Cada pessoa consome meia maçã e um terço de uma pêra por dia. E apesar de o consumo ainda ser muito inferior ao valor recomendado, a disponibilidade de venda destes produtos já está em recupera-ção depois da seca de 2005, que provocou uma quebra acentuada nas vendas destes produtos.
O consumo dos portugueses não ficou alheio à crise. E as quebras registadas no consumo do bacalhau, da carne e dos lacticínios (queijo e iogurtes) parecem estar ligadas ao aumento dos preços, especialmente no caso do peixe. Pela positiva, a crise levou a que a bebida não alcoólica preferida seja a água e que tenha crescido o consumo de carnes brancas, mais saudáveis e baratas.
Existem ainda outras tendências positivas na alimentação nacional. A quebra no consumo de cereais e tubérculos, que consumimos em excesso e que agora se começa a aproximar da média recomendada. A preferência pelo azeite e pela água também são pontos a destacar pela positiva, apontam os dados apresentados pela BAP.
No campo dos cereais, Portugal é o país europeu que mais arroz consome. Cada habitante tem à sua disposição 17,3 kg por ano de arroz branqueado. Seguido da Espanha e Itália, embora com valores bastante mais reduzidos: 7,2 kg e 6 kg por habitante/ano, respectivamente.
in-DN 1/12/2010
