26.11.10

Um terço dos adolescentes tem peso a mais


Situação é pior nos rapazes e nos mais jovens. Uma em quase cada duas crianças com dez anos tem pré-obesidade ou é obesa.
João (nome fictício) tem dez anos. Não é muito diferente dos outros meninos da idade dele. Gosta de brincar, de estar com os amigos e jogar à bola. Só que João, com 1,35 m, tem excesso de peso. Devia pesar cerca de 30 quilos. Em vez disso, tem quase 40. Gosta de doces e de piza como os outros, só que come mais vezes este tipo de alimentos. Quase uma em cada duas crianças de dez anos em Portugal tem excesso de peso.

O estudo nacional de prevalência de obesidade infanto-juvenil em Portugal, que será apresentado este domingo no XIV Congresso Português de Obesidade, mostra que 22,6% dos jovens entre os 10 e os 18 anos estão em situação de pré-obesidade e 7,8% é já obeso. O mesmo trabalho, que analisou 5708 participantes, revela que são mais os rapazes e os mais jovens que têm as maiores prevalências de excesso de peso.

Quando está em casa, João adora ver televisão e jogar no computador. Mesmo na escola, prefere ver os colegas a jogar à bola ou então, quando participa, fica à baliza. Na hora do almoço, come mais depressa que os outros e mais quantidade. Ao lanche, prefere um bolo à sandes, tal como os amigos. Só que ele gasta menos calorias.

Para Beatriz (nome fictício), também com dez anos, o cenário não é muito diferente. Pesa mais que as amigas da idade dela - tem 38 quilos - e não gosta muito de fazer ginástica. Nem sempre toma pequeno-almoço e torce o nariz a petiscar alguma coisa a meio da manhã. No recreio, prefere ficar a falar com as colegas ou os jogos mais parados.

"Aos dez anos, as prevalências de excesso de peso são superiores a 40%. Isto quer dizer que uma em cada quase duas crianças tem peso a mais. É preocupante o impacto que isso terá na vida adulta, em morbilidade e mortalidade e na economia. O retrato está feito, agora é preciso actuar", defende Joana Sousa, da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa e responsável pelo estudo.

À medida que a idade aumenta, a prevalência de excesso de peso vai diminuindo. "Ou vão perdendo obesidade ou, e esta é possibilidade que mais valorizo, os adolescentes tornam-se obesos cada vez mais cedo", o que quer dizer que, se daqui a uns anos as crianças mais pesadas fossem analisadas, teriam na mesma excesso de peso.

"A nossa prioridade é controlar o problema, que tem aumentando de forma exponencial e não expectável nos últimos anos. Há indicadores que mostram que 95% da obesidade infantil têm uma causa nutricional associada ao estilo de vida e que apenas 5% têm causa genética", explica Joana Sousa, referindo que "nos distritos do interior os indicadores de excesso de peso são mais elevados".

Os médicos são fundamentais no combate à obesidade, mas também eles precisam de se sentir peças essenciais no processo. De acordo com um outro trabalho que vai ser apresentado no congresso, a literatura mostra que "os profissionais de saúde, principalmente os médicos de família e de clínica geral, parecem apresentar uma atitude negativa face ao tratamento da obesidade", refere o resumo do levantamento feito por elementos das universidades do Porto e do Minho.

"Os médicos são descrentes na eficácia da modificação de estilo de vida dos doentes. É preciso que os médicos percebam que têm um papel importante e decisivo na motivação que os doentes precisam para mudar de estilo de vida", refere ao DN Davide Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. "Os médicos têm de perceber em que fase de motivação está o doente e levá-lo a dar o salto. É a forma mais eficaz de combater a obesidade."
Especialistas recomendam menos pão e arroz
Hoje

Um estudo realizado em oito países europeus concluiu que são insuficientes as recomendações oficiais sobre nutrição para prevenir a obesidade e defende a redução do consumo de pão e arroz brancos.

Segundo o estudo, divulgado pela Universidade de Copenhaga, a melhor maneira de prevenir ou combater a obesidade é seguir uma dieta rica em proteínas com mais carnes magras, lacticínios com baixo teor de gordura e legumes.

Publicado no New England Journal of Medicine, o trabalho defende que se deve reduzir o consumo de amidos refinados, como o pão e arroz brancos, e observa que as recomendações oficiais actuais sobre nutrição não são suficientes para prevenir a obesidade. Thomas Meinert Larsen, um dos coordenadores do projecto, salientou também a importância de ingerir frutas ricas em fibras, como maçãs e peras, em vez de bananas e kiwis.

Para o coordenador da Plataforma Contra a Obesidade, Pedro Graça, esta dieta vai ao encontro das "recomendações de ingestão de frutos e hortícolas, alimentos com menores teores de gordura saturada, abundância em fibra e leguminosas (como o feijão e o grão) e limitação de açúcares".

Especialistas recomendam menos pão e arroz

Um estudo realizado em oito países europeus concluiu que são insuficientes as recomendações oficiais sobre nutrição para prevenir a obesidade e defende a redução do consumo de pão e arroz brancos.

Segundo o estudo, divulgado pela Universidade de Copenhaga, a melhor maneira de prevenir ou combater a obesidade é seguir uma dieta rica em proteínas com mais carnes magras, lacticínios com baixo teor de gordura e legumes.

Publicado no New England Journal of Medicine, o trabalho defende que se deve reduzir o consumo de amidos refinados, como o pão e arroz brancos, e observa que as recomendações oficiais actuais sobre nutrição não são suficientes para prevenir a obesidade. Thomas Meinert Larsen, um dos coordenadores do projecto, salientou também a importância de ingerir frutas ricas em fibras, como maçãs e peras, em vez de bananas e kiwis.

Para o coordenador da Plataforma Contra a Obesidade, Pedro Graça, esta dieta vai ao encontro das "recomendações de ingestão de frutos e hortícolas, alimentos com menores teores de gordura saturada, abundância em fibra e leguminosas (como o feijão e o grão) e limitação de açúcares".
In: DN- 26/11/2010