Em Portugal, durante muito tempo, a sopa constituiu só por si uma refeição completa, (e não foi considerada como sendo utilizada para criar "lastro" para os restantes pratos) tal era a sua nobreza, que fez com que merecesse atenção, não só por parte de vários cozinheiros anónimos mas também de grandes vultos da literatura portuguesa como Gil Vicente, Aquilino Ribeiro e o incontornável Eça de Queirós, que referenciaram as sopas nas suas obras.
Os produtos hortícolas presentes na confecção deste alimento são, de facto o espírito e a essência do seu equilíbrio. A sopa é rica em vitaminas e minerais que entram na composição dos vários órgãos, como os músculos, ossos e sangue. É composta por fibras alimentares essenciais para o bom funcionamento do aparelho digestivo. Completam a sopa antioxidantes que actuam como protectores, pois limitam o papel carcinogénico de algumas substâncias. Finalmente a água utilizada na sua confecção, preserva no caldo todos os nutrientes dos alimentos que a compõem.
Se reflectirmos sobre o facto de um prato grande de sopa, enriquecida com leguminosas e temperada com um bom fio de azeite dificilmente ultrapassar as 180 calorias, enquanto que qualquer outra refeição, facilmente fornece 440 a 660 calorias, é razão mais que suficiente para elegermos a sopa como " Rainha da Mesa".
Mas vejamos alguns adágios em que a sabedoria popular tem razão:
SE A VELHO QUISERES CHEGAR...MUITA SOPA TERÁS DE MANDUCAR
VELHO E CRIANÇA...DA SOPA FARÃO USANÇA
SE QUERES SAÚDE COME SOPA...É O MELHOR QUE LEVAS À BOCA
SE QUERES O TEU CÃO MANSO...DÁ-LHE SOPA E DESCANSO
António Palmeiro- Cozinheiro da Escola E.B.2.3 Alexandre Herculano